É uma abordagem de farmacoterapia destinada a casos de difícil abordagem e que são resistentes aos tratamentos convencionais, como por exemplo, a depressão resistente. No Aion, oferecemos o tratamento com infusão de Cetamina para casos cuidadosamente selecionados e em parceria com outros serviços de saúde que oferecem condições de segurança para a realização deste procedimento. Leia mais

A onipresença do estresse psicossocial nas sociedades modernas é uma realidade emergente e faz com que a relevância das práticas de gerenciamento de estresse seja cada vez maior. A suposição quase generalizada de que a prática meditativa reduz o estresse pode, entretanto, nos levar a perguntar se os diferentes tipos de meditação são igualmente eficientes neste processo.

Primeiramente, a comparação com o esporte pode servir para ilustrar esse ponto. Claramente, o esporte não é uma prática unitária, mas um termo genérico para vários exercícios físicos que treinam partes específicas do corpo. Na mesma linha, a meditação compreende diferentes práticas visando faculdades mentais distintas, como atenção, consciência interoceptiva, habilidades socioemocionais ou sociocognitivas. Consequentemente, é razoável imaginar que nem todas as práticas devem produzir os mesmos efeitos e que o tipo de treinamento deve influenciar os resultados obtidos. Leia mais

A música e o som têm sido usados ​​desde tempos imemoriais para fins terapêuticos, socioculturais e espirituais. Historicamente, os curandeiros tradicionais ou xamãs usavam o som, particularmente os sons repetitivos, para induzir estados alterados de consciência, também conhecidos como estados de transe.  Nestes casos, as fontes sonoras podiam ser internas (por exemplo, a própria voz) ou externas (por exemplo, música ou sons de instrumentos).

De uma maneira geral, a cura pelo som tem sido usada por séculos e de várias formas por culturas em todo o mundo, por mais de 40.000 anos, incluindo povos nativos da África e América, tribos aborígenes australianas e monges tibetanos. Com este propósito, instrumentos antigos tem sido usados em cerimônias religiosas e espirituais, como taças tibetanas (geralmente produzidas a partir de uma combinação de ligas de metal), gongos, sinos, pratos e didgeridoo.

No contexto terapêutico moderno, diversos instrumentos musicais tem sido utilizados em um modelo de psicoterapia que combina respiração profunda, imagens mentais e meditação de diversos tipos. Muitos pesquisadores relatam que esta combinação de métodos terapêuticos pode ser um catalisador para a cura emocional e psicológica, quando bem empregada em sessões grupais acompanhadas por supervisão profissional.

Estas práticas psicoterapêuticas estão na base do que se conhece hoje por meditação sonora, uma abordagem de tratamento que pode ser definida como: o esforço repetido de trazer a mente de volta ao momento presente, sem julgamento e sem apego, a partir do treino de técnicas de respiração, do desenvolvimento da atenção plena e da experimentação do poder das frequências sonoras com o objetivo de restabelecer o bem-estar, a saúde física e mental. Portanto, a meditação sonora é constituída por 3 componentes básicos: a respiração consciente, o estado contemplativo e a harmonização sonora.

Uma teoria que tem sido utilizada para explicar os efeitos da meditação sonora inclui os efeitos potenciais das batidas binaurais, que levam o cérebro a experimentar a diferença de hertz entre os tons tocados em cada um dos ouvidos, deflagrando estados mentais de profundo relaxamento, com o aparecimento de ondas cerebrais de tipo beta ou teta. Este tipo de meditação pode, portanto, ser especialmente útil para diminuir a tensão em indivíduos que nunca praticaram alguma forma de meditação.

As pesquisas com meditação sonora tem revelado que os participantes apresentam significativamente menos tensão, raiva, fadiga e humor deprimido. Um estudo, em particular, demonstrou que tanto a meditação em silêncio, quanto a meditação sonora, utilizando didgeridoo por um período de 30 minutos, resultaram em mudanças positivas no humor e estresse de estudantes de graduação sem experiência com meditação. Imediatamente após este tipo de meditação sonora, os participantes experimentaram aumentos significativos no relaxamento e diminuições no cansaço, excitação negativa, perda de energia e autopercepção aguda do estresse.

Assim, a combinação de meditação e terapia sonora tem potenciais terapêuticos que tem sido estudados como alternativas benéficas para o humor, a tensão, a ansiedade, a dor física e o bem-estar espiritual. A meditação sonora é, portanto, uma modalidade de medicina integrativa mente-corpo que tende a ser cada vez mais pesquisada e incorporada à prática clínica, com contribuições importantes para várias condições de saúde mental e física.

Fonte:

  • Kamaira Hartley Philips, Carrie E Brintz, Kevin Moss and Susan A Gaylord. Didgeridoo Sound Meditation for Stress Reduction and Mood Enhancement in Undergraduates: A Randomized Controlled Trial. Global Advances in Health and Medicine 2019, Volume 8: 1–10. DOI: 10.1177/2164956119879367.
  • Tamara L. Goldsby, Michael E. Goldsby, Mary McWalters and Paul J. Mills. Effects of Singing Bowl Sound Meditation on Mood, Tension, and Well-being: An Observational Study. Journal of Evidence-Based Complementary & Alternative Medicine 2017, Vol. 22(3) 401-406. DOI: 10.1177/2156587216668109.

O que é terapia psicodélica?

A psicoterapia assistida por psicodélicos (ou terapia psicodélica) surgiu em um contexto de investigação científica nas décadas de 1950 e 1960. A principal característica deste tipo de terapia é o uso terapêutico de um medicamento psicoativo potente em pouquíssimas sessões. Normalmente, estas sessões em que se utilizam os medicamentos psicodélicos são acompanhadas por sessões de psicoterapia sem substâncias antes e / ou após, sendo geralmente chamadas de sessões de psicoterapia preparatória e integrativa, respectivamente. Durante os efeitos dos psicodélicos, os pacientes são continuamente monitorados e apoiados por profissionais de saúde mental treinados de acordo com as diretrizes disponíveis. Em geral, os pacientes ouvem música evocativa instrumental e são encorajados a permanecer introspectivos (com os olhos vendados), em uma postura aberta aos sentimentos, atenta aos pensamentos e memórias, e livre para se engajar na psicoterapia a qualquer momento. Leia mais

Dos primeiros estudos fisiológicos de práticas meditativas nas décadas de 1950 e 1960 e os primeiros estudos clínicos de Herbert Benson na década de 1970, a pesquisa sobre meditação já percorreu um longo caminho até os dias atuais.

Em uma primeira onda de estudos, que remonta um passado recente em torno de 40 anos, pode-se situar a grande contribuição de Jon Kabat-Zinn ao propor uma “disciplina da atenção”, através de convergências da pesquisa sobre meditação com o crescimento explosivo da neurociência básica nas últimas décadas. Seus estudos, que deram origem ao que se conhece hoje como mindfulness, reformularam a noção de meditação como uma espécie de elo perdido na autorregulação consciente; conectando treinamento mental a processos eletroquímicos neuronais, por um lado, e regulação epigenética da transcrição gênica a conectividade neural, por outro. Quanto aos avanços dessa primeira onda, uma série de descobertas mostraram que a prática da meditação aumenta a regulação da reatividade ao estresse e das emoções aversivas, se encaixando bem com o crescente interesse clínico na prática de mindfulness como um complemento no tratamento cognitivo-comportamental de ansiedade, depressão e transtornos de personalidade. Estes estudos compõem, portanto, um modelo tradicional que prevê que o controle consciente da atenção e da consciência corporal envolverá principalmente as estruturas superiores do sistema nervoso central. Leia mais

Durante as décadas de 1960 e 1970, vários estudos compararam os fenômenos deflagrados por sessões de hipnose com experiências produzidas por substâncias psicodélicas, explorando os benefícios potenciais de combiná-los em psicoterapia. Particularmente relevante foi a descoberta de que os psicodélicos parecem aumentar a sugestionabilidade. Outras pesquisas relataram o uso da hipnose para recriar, controlar, guiar e aprofundar estados de consciência induzidos pelas tais substâncias psicodélicas. Leia mais

Em virtude do aumento da prevalência de doenças ao longo do envelhecimento, a ocorrência simultânea de múltiplas doenças crônicas é um fenômeno frequente e que aumenta progressivamente com o avançar da idade. Esta condição é conhecida como “multimorbidade” e se refere à ocorrência simultânea de 2 ou mais doenças médicas ou psiquiátricas, que podem ou não interagir entre si, em um mesmo indivíduo. Leia mais

A cannabis tem um histórico milenar de aplicação médica, incluindo o uso corrente na Europa e na América do Norte entre as décadas de 1840 e 1940.

O avanço das pesquisas científicas nos últimos anos tem feito com que a medicina canabinóide possa ser uma ferramenta útil no tratamento de muitas doenças complexas ou condições raras que carecem de opções terapêuticas convencionais eficazes, ou em que a carga de efeitos colaterais de tais tratamentos supera os benefícios, por exemplo, síndromes de sensibilidade central (fibromialgia, síndrome da fadiga crônica, enxaquecas , intestino irritável) ou esclerose múltipla, dor neuropática e náusea refratária. Leia mais

Os conceitos whiteheadianos de vida, alimentação, “espaço vazio” e “espaço ocupado” oferecem uma base teórica para desdobrar uma perspectiva ontogenética sobre o envelhecimento. Concentrando-se na chamada estratégia “Otimização Seletiva com Compensação” (OSC), este trabalho explorará esse conceito em relação a algumas evidências científicas nos campos da “epigenética” e nutrição molecular. Além disso, o papel da restrição calórica na saúde e longevidade será discutido como uma estratégia OSC, baseada na teoria metabólica do envelhecimento. A aplicação da estratégia OSC aos processos de envelhecimento, quando vinculada à filosofia do organismo de Whitehead, nos permite pensar na vida como um processo seletivo proporcionado pelo “espaço vazio”. Um continuum dentro do campo físico otimiza uma “sociedade viva”, que evolui em déficit social permanente, por meio de compensação pelo metabolismo nutricional.

Shamanismo

Alfred North Whitehead faz uma comparação bastante conhecida entre o método filosófico de aquisição de conhecimento e o ato de pilotar um avião. Da mesma forma, o conceito de “voo xamânico” representa diferentes estágios de processamento cognitivo durante a navegação por mundos perceptíveis e imperceptíveis. Este artigo se dedica à visão de mundo do povo Huni Kuin na Amazônia, ao método whiteheadiano de racionalização imaginativa e ao conceito de perspectivismo ameríndio. A pesquisa também explora o xamanismo como uma experiência geradora de conhecimento. Além disso, o “voo xamânico”, como uma técnica extática presente em diversos rituais ameríndios, será examinado como um método na descoberta e organização de entidades não humanas. Por fim, a epistemologia xamânica na Amazônia será discutida dentro de uma ontologia “multinaturalista”.